"As criações, obras de arte, são imaginárias satisfações de desejos inconscientes, do mesmo modo que os sonhos, e, tanto como eles, são, no fundo, compromissos, dado que se vêem forçadas a evitar um conflito aberto com as forças de repressão."

(Freud)

A via de acesso para o Inconsciente é a palavra, que atravessa o corpo utilizando-se, muitas vezes, de seus véus que distorcem e denunciam o desejo. É interessante que a escuta do psicanalista possa enveredar pelo entredito e tomar as palavras enunciadas pelo sujeito em sua materialidade, quebrando-as, deslizando-as, utilizando-as em suas inúmeras faces para irromper no ato analítico.

A arte é um dos caminhos de maior acesso para a experimentação das palavras. Através dela e de sua capacidade de catalisar sentidos e significados é que os sujeitos tendem a desmitificar seus não-ditos em meio a cultura. Nas sutilezas artísticas bem como nas figuras de linguagem se alicerçam os rumores de um discurso cheio de vãos que contam uma história.

Freud já apontava a arte como uma denúncia do Inconsciente ao enunciar “O artista se antecipa ao psicanalista”. São inúmeros os trechos em que o criador da psicanálise recorre às artes para ilustrar seus conceitos ou sugere aos psicanalistas que o façam. Tomando esse ensinamento como norte o projeto visa relacionar vinhetas clínicas encontradas nos textos psicanalíticos eos conceitos freudianos - desenvolvidos por Lacan - às figuras de linguagem que serão encaradas aqui como essa linha de intersecção entre a psicanálise e a arte